A Seção 2 da Parte II procura ressaltar o papel de contexto na produção de software. O texto enfatiza a importância de modelos como força de contextualização. Esses modelos estabelecem perspectivas para os engenheiros de software.
O conceito de Universo de Informações (UdI) é essencial na produção de software. Todo processo de software tem um UdI, no entanto muitas vezes os engenheiros de software não tem um mapa desse UdI. Você já esteve numa situação onde, em terras estranhas, você precisa locomover-se? Turistas precisam de mapas, porque querem saber como locomover-se em lugares com os quais não tem familiaridade.
Definimos UdI como:
"É o contexto no qual o software deverá ser desenvolvido e operado. O UdI inclui todas as fontes de informação e todas as pessoas relacionadas ao software. Essas pessoas são também conhecidas como os atores desse universo. O UdI é a realidade circunstanciada pelo conjunto de objetivos definidos pelos que demandam o software."É no UdI que os engenheiros de requisitos irão trabalhar. É no UdI que o software desempenhará suas funções.
Saber da existência do UdI é fundamental. Saber que o UdI é um corte da realidade, ou seja é uma redução do contexto mais geral, mundo, para um contexto mais específico. Em Banco de Dados utiliza-se o nome Mini Mundo. O termo escopo é também utilizado em alguns métodos de produção de software.
O UdI é representado por uma forma que se assemelha a uma nuvem. Essa forma é importante porque mostra que os limites (vejam os pontos fundamentais da TGS, Parte I) não são bem definidos. A forma gasosa da nuvem passa também a idéia de volatilidade, e essa característica é também presente no UdI, em maior ou menor grau, dependo de cada caso. Na verdade, o UdI diminui ou aumenta na medida em que, no processo de construção de software, melhor entendemos as necessidades dos clientes e as restrições de implantação. O UdI evolui.
A estratégia para mapear o UdI é fundamentada no objetivo mais geral disponível. Ou seja, no evento que dispara o uso do SDS (veja entrada do SDS). Um processo de produção de software é iniciado por atores que têm interesse na construção ou evolução de um determinado artefato de software. Vejamos três casos como exemplo.
Caso 1: uma empresa produtora de software tem conhecimento de um edital para concorrência pública para a evolução de um sistema de software. O edital mencionará o objeto da concorrência, a infra-estrutura de software pré-existente, normas de produção, por exemplo, a Mps. Br, local físico onde o trabalho deverá ser implantado entre outras informações. Nesse caso, o edital, através de suas informações, delineia a primeira versão do UdI.
Caso 2: o departamento de software de uma organização recebe um memorando do diretor financeiro pedindo que um novo sistema de software seja feito para auxiliar a visualização do acompanhamento do fluxo de caixa da organização. O UdI nesse caso já tem um delimitado o ator requisitante (diretor financeiro), o objetivo geral (software de visualização) e onde será empregado (integração como sub-sistema de fluxo de caixa).
Caso 3: um empreendedor resolve apostar na construção de um software para ajudar as pessoas no controle de suas finanças. O empreendedor acredita que as soluções disponíveis deixam a desejar e pensa em fazer um software, que será acessado via navegadores padrão, com facilidade de mobilidade (celular). Portanto esse empreendedor já estabeleceu os contornos do UdI em pauta.
Para a Engenharia de Requisitos o UdI é de fundamental importância porque será no UdI que as fontes de informação serão identificadas. Essas fontes de informação é que permitirão com que o delineamento do UdI seja elaborado e constantemente evoluído. O Engenheiro de Requisitos precisa das fontes de informação da mesma maneira que um repórter precisa de fontes para escrever uma matéria.
O UdI é formado através de aproximações sucessivas, principalmente na identificação de fontes de informação. As fontes de informação podem ser de diferentes tipos, sendo as principais: atores (pessoas ou organizações), artefatos de software, artefatos físicos e documentos.
Uma estratégia utilizada para identificar as fontes de informação é saber que fonte de informação aponta para outras fontes de informação. As fontes mais referenciadas certamente deverão ser consideradas na formação do UdI: se pensarmos em grafos essas fontes seriam nós com um maior número de elos.
Outra maneira de identificar a importância de fontes de informação é através de prioridades. No que se refere a atores, normalmente os "donos" do software são os de maior prioridade.
Um mapa de fontes de informação se assemelharia ao uma rede, como a mostrada num mapa de ligações entre grandes corporações alemãs. O uso do software "They Rule" permite que você monte seu próprio mapa de atores do mundo corporativo americano.
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